domingo, 1 de julho de 2012

MANCHA VERÔNICA


Ela já tem por volta de 3, 4 anos, foi abandonada, e já era castrada quando a levamos ao veterinário. É tão boazinha, tão querida, mas as minhas outras três não gostam dela.
Estamos na luta há quase três semanas e nada da Isabel, Clara e Frida a aceitarem. Vocês sabem se isso ainda pode mudar? De qualquer forma, ela já faz parte da família Cremasco Beraldo.
:o) com muito orgulho.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dezembro de 2005

(i) maturidade Tenho andado distraído, Impaciente e indeciso E ainda estou confuso. Só que agora é diferente: Estou tão tranquilo E tão contente Chavão: é assim que a maioria fala: "Não tenho que explicar nada a ninguém". Mas aqueles que mais batem no peito e repetem a frase, são os que mais explicam. Eu sempre fui de explicar e nunca neguei isso. Hoje sei realmente que não preciso, mas quando tenho vontade, ainda explico. (pero no mucho) É meu jeito. Mas existem umas pessoas, (não sei se estou sendo clara) que batem no peito e afirmam que são o que são, que fazem e acontecem, que não dão bola para a torcida e no fundo vivem se explicando, para que os outros (que ela julga tolos) pensem o que ela quer que pensem. Exemplifico: a pessoa foi infeliz o ano inteiro, está cheia de rancor e mágoa, brigou com meio mundo, espalhou antipatias por todo lado, sorri pra todos, arrota que teve um ano maravilhoso, que foi feliz, que fez feliz, que nada perdeu, que tudo ganhou. Na verdade, está se mordendo de raiva, mas quer que os pseudo-inimigos (pseudo, sim... porque só na cabeça dela são inimigos) a sintam feliz e satisfeita. Pois eu desconheço bobagem maior. Principalmente de quem vive repetindo que não precisa provar nada pra ninguém. Como um anjo caído Fiz questão de esquecer Que mentir p'ra si mesmo É sempre a pior mentira. E ainda subestimam a capacidade das pessoas em enxergar o que está tão nítido. Têm preconceitos e anunciam esses preconceitos em alto e bom tom, como que se falando, se eximissem de qualquer culpa. Às vezes o que eu vejo Quase ninguém vê E eu sei que você sabe Quase sem querer Que eu quero o mesmo que você... ( Sinceramente, eu quero mais é que sejamos todos felizes! trechos de "Quase sem querer", Legião Urbana)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Confusões em mim

Num processo (meio tardio) de auto conhecimento, fica difícil passar batido por certas coisas. Dói um pouco, e as vezes não se tem certeza do que se quer.
Cansa deixar pra lá, para viver bem. Não, não é hora de precipitações. É preciso respeitar cada um o seu tempo.
Talvez a resposta que dizem estar dentro da gente, ainda não tenha aflorado em mim. Talvez sequer exista.
Grande erro, amar demais, amor demais.
Fazer, desfazer, deitar e rolar com os filhos. Ser pai e mãe. Errado tentar ser mãe e pai. Tudo está certo, dizia um cara famoso do bairro. Cada pessoa tem o pai e a mãe que precisa ter.
Confusa, sabendo que vai passar, como tudo na vida.
Saber enxergar as qualidades do outro, e todos os dias enumerá-las. Saber também do sofrimento causado pelos defeitos, e por não se falar sobre eles.
Saber os próprios defeitos e erros. E sem ninguém para apontá-los, divagar. Realidade ou imaginação?
Que força é essa que prende tanto? Amor? Falta amizade, cumplicidade, carinho. Falta beijo de bom dia, falta até logo, tchau. Seu mundo é particular, sem amigos, sem parentes. Uma ilha. Vive pra casa. Vive pros filhos. Vive pra criticar. Não quero assim.
Eu quero é rir. Não chorar.

Já está passando, por isso parlo:

Acho que não estou bem.
Acho que estou ficando doente.
Quase não durmo mais.
Acho que preciso sossegar.
Acho que preciso ficar comigo mesma.
Acho que preciso olhar pra dentro de mim.
Acho que preciso ficar só.
Estou precisando ficar quieta no meu canto, sozinha.
Ouvindo minhas músicas, lendo meus livros.
Não me atrai sair pra rua.
Não me atrai ver as pessoas.
Não me atrai escrever.
Não me atrai brincar.
Não me atraem as coisas que antes me atraiam.
Espero que seja só uma fase, e espero também que enquanto ela não passe, que as pessoas compreendam e respeitem.
De algumas espero compreensão, já de outras, não.
Tenho saudades dos dias de rir, de sonhar, de amar.
Mas paro por aí.
Meu desânimo supera tudo.
Minha força pra ficar bem perto dos que amo, é sobrenatural.
Esforço-me por parecer bem ao telefone, ao vivo, ao morto.
Acho até que consigo enganar.
Mas estou entregando os pontos.
Esperam muito de mim.
O que posso, o que não posso dar.
Vou me demitir, vou me enfurnar, vou descomplicar.
Tudo o que não quero fazer é explicar.

Mulher, 40 graus à sombra

Por que continuamos juntos? Costume? Ou será covardia, medo do novo? Tenho sempre aquela esperança do renascimento, da ressureição, sei lá. É verdade, que mais na sua ausência, quando então recrio sua presença, imaginando a possibilidade de uma palavra, um gesto que pode vir, que até já veio um dia. Você fala a fala do saber, da segurança, do pode e não pode, do tem que, do dever. E eu querendo um homem que me deseje, me fale, me escute; que não seja pai, nem filho, nem senhor, nem mesmo apenas amigo. Que possa suportar o que eu sou, e mesmo o que eu deixo de ser. Será que é esperar demais? Se às vezes nem eu me aguento...
A mulher que eu sou, quer amar e se sentir amada pelo seu homem. Você acha desnecessário demonstrar, nem é preciso mais falar. Mas não entende que assim desconfirma em mim essa mulher.
Por que não me libertar e procurar quem eu desejaria encontrar? Pode nem existir... afasto a tentação de desafiar o destino. Fico na segurança de sua dureza, do seu não, da sua silenciada presença. Distanciados, um pra cada canto, estamos juntos nessa descalorada união.
De você pouco sei, no seu espaço guardado ninguém entra. Como se nem desejasse saber muito de si próprio, quanto mais dar a conhecer. Pouco pedir, pouco dar, o mínimo indispensável. Econômico no sexo, no amor, nas finanças, no tudo. O desgaste de quem não pode se gastar.
E eu querendo desentranhar o que sinto aprisionado em você, em nós.
Impossível?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Indiferença

No começo dói, depois a dor vai embora e a saudade também.
Parece que aquela pessoa foi apenas uma ilusão de ótica, que não existiu.
Foi apenas alguém que passou pela vida sem deixar nenhuma marca.
Temos a mania de querer eternizar os momentos, as pessoas.
Acabamos esquecendo de que nada é para sempre.
Pode ser um jargão, mas é a mais pura verdade.
Alguém que é importante pra nós, pode sim, deixar de ser especial.
Pode se tornar uma lembrança distante ou nem ao menos isso.
É possível passar dias, meses e anos sem lembrar da existência de uma pessoa e então ser invadida pelo espanto, como se de repente a lembrança se tornasse uma assombração.
Mas o espanto é rapidamente substituído pela indiferença.
Não existe mais raiva, nem mágoa, nem ao menos decepção.
Apenas a indiferença.
É incrível como algumas pessoas se tornam desimportantes na nossa vida.
E é igualmente incrível como algumas pessoas, permanecem vivas em nossos corações, independente do tempo e do espaço.
Assim é a vida.
Indiferença

(Mariazinha Cremasco, texto escrito em agosto de 2005)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

TEMA 108 - DEPOIS DO AMOR

FINA ESTAMPA
Mariazinha Cremasco

O dia amanheceu nublado, do jeitinho que ela gostava. Não que desprezasse os dias de sol, mas preferia os chuvosos e encobertos para amar.

"O que a gente faz, é por debaixo dos panos, pra ninguém saber. Se eu ganho mais, é por debaixo dos panos, ou se vou perder"

Já esperava por isso, pois na noite anterior, quando foi observar a lua e as estrelas (adquirira essa mania recentemente), percebeu que a lua não piscara para ela, e as estrelas também se guardaram. Ficou uns momentos ali, no frescor do quintal, na noite sem luar, na brisa suave.

"Na bruma leve das paixões que vem de dentro
Tu vens chegando prá brincar no meu quintal (...)
Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais."

Acordou de bem com a vida. Não, não poderia ser errado o que estava sentindo, e o que estava fazendo.
Encontaram-se e o beijo gostoso, molhado, no desejo do dia que teriam juntos.

"Primeiro era vertigem, como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos e deixar o corpo ir no ritmo
Depois era um vício, uma intoxicação,
percorrendo as veias, arrastando pelo chão.(...)
já dei meia volta ao mundo, levitando de tesão"

Ficaram ali, observando as coisas que os rodeavam. Apegando-se ao que poderiam ter, dentro dos limites do que lhes era possível. Tinham um ao outro e isso quase bastava. Nas coisas mais impessoais, conseguiam colocar sentimento.

Ele, sensível, gentil, olhava, dava forma, cor e brilho aos pequenos detalhes. Descobriu plantas, cachoeiras e sons no lugar. (a cachoeira era artificial, mas quem se importava?) Fechavam os olhos e podiam sentir o frescor de uma trilha no bosque. Apertaram um botão, o teto se abriu e puderam ver as lindas árvores. E sentiram o cheiro da terra. A música soava. Sentiam-se em casa, no lar. No seu lar particular, inatingível e indecifrável "lar". Quem mais compreenderia, senão eles mesmos?

"Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo um sorriso sincero, um abraço
Para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade (...)
Pra mim, tu és a estrela mais linda
seus olhos me prendem
Fascinam, a paz que eu gosto de ter"

Ela o admirava, ele a elogiava. Ela via nele o homem inteligente, cheio de brilho e poder, ele via nela a menina/mulher, cheia de ternura, que sempre esperara. Seria isso tudo apenas uma ilusão?

"Garotos não resistem a seus mistérios, garotos nunca dizem não.
Garotos como eu sempre tão espertos, perto de uma mulher, são só garotos."

Ali permaneceram por cinco horas, que pareceram durar apenas cinco minutos, tão felizes estavam. Nadaram, banharam-se na cachoeira, dançaram ao som da música imaginária, comeram a comidinha leve e saborosa que ambos queriam comer, falaram de temperos, (Ah, as pimentas vermelhas, que colocadas uma contra a outra, formam uma boca, símbolo do seu refúgio). La belle de jour, de flores, de risos, de dores. Contaram histórias um ao outro, cuidaram-se. Presentearam-se com a vida. Falaram dos seus trabalhos, cada um do seu jeito, de educação, política, religião. Livros, poesias, sexo, fantasias.

"Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte"

Foram embora agarradinhos, sem perder um segundo sequer de carinho. Uma pequena lágrima na despedida, mas não de tristeza. Sabiam que tinham tempo e que precisavam aprender a esperar. Precisavam exercitar a difícil arte da espera. E esperariam. Enquanto isso, no carro, de volta, a música que ele escolhera para ela.

"que una paloma triste muy de mañana le iba a cantar a la casita solacon sus puertitas de par en parjuran que esa palomano es otra cosa más que su alma"

Cada um no seu carro. Cada um no seu canto, esperando o próximo e breve encontro, baseando-se nas músicas como forma de comunicação, aguardam mais um dia de amor, e enquanto pensam, cantam:

"Esto no puede ser no más que una canción
Quisiera fuera una declaración de amor
Romántica sin reparar en formas tales
Que pongan freno a lo que siento ahora a raudales
Te amo, te amo , eternamente te amo"

Soy loco por ti, de amores