quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tema 123 - PASSAPORTE

DIÁLOGO URBANO
Mariazinha Cremasco


- Hospital São Clemente, Cláudia, bom dia!

- Bom dia, Cláudia. Por favor, preciso marcar uma consulta...

- Momentinho...

(musiquinha)

- Consultas, Fátima, bom dia!

- Bom dia, Fátima. Por favor, quero marcar uma consulta com o Dr. Fausto.

- Outro número, senhora. Ligue para o direto, 4224-qualquer coisa.

- Obrigada.

Tu-tu-tu-tu... Depois de quinze minutos tentando o outro número, o tal direto:

- Consultas, Fátima, bom dia!

- ?????Fátima????? Falei com você há pouco, gostaria de marcar uma consulta com Dr. Fausto.

Entra a musiquinha... Sequer disse o indefectível "momentinho".

Minutos depois:

- Ah... só para o dia 26 de julho, pode ser?

- Não, é urgente. Precis...

- Lamento, Dr. Fausto não admite encaixes.

- Está bem então... dia 26 de julho.

- Nome do paciente?

- Mario Cremasco.

- Ah... o Sr. Mário? É urgente?

- Sim, é urgente.

- Então venha na próxima terça no último horário, que vou tentar falar com o doutor. Mas não garanto nada... Se ele não estiver de bom humor...

Depois dessa, nem reclamei. Como ia dizer que precisei ligar para dois números diferentes, que ficavam na mesma mesa, e que ela mesma, Fátima, era responsável pelos dois? Um só para marcar consulta? Reclamar depois da moça reconhecer meu pai só pelo nome, como reclamar?

De qualquer maneira, fica aqui meu protesto.

Então é assim? Que raio de convênio médico é esse, que faz uma pessoa esperar quase um mês para ser atendida, pelo próprio médico que pediu urgência? E o descaso no atendimento? E o fato da moça (que eu nem sabia) conhecer meu pai, e "quebrar o galho"? E os outros idosos que necessitam de urgência? Todos os galhos serão quebrados? Vou morrer sem entender. Entender, não. Conformar.

Não vou me conformar nunca com essa situação. Quebrar galho? Saúde não é pra "quebrar galho", meu amigo. Saúde é coisa séria, e esse país parece que esqueceu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário